Alfredo Ceschiatti, e a escultura emblemática “A Justiça”

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Em 1961 , Alfredo Ceschiatti  inaugurava “A Justiça”, na frente do edifício sede do Supremo Tribunal Federal, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
A alegoria, realizada em granito de Petrópolis, mede 3,30m de altura por 1,48m de largura e, ao contrário da maior parte da multissecular iconografia da Justiça, retrata uma Têmis sentada, desprovida de balança e com a espada a repousar sobre o colo. Não há rebuscamento, grandes volteios ou recantos impenetráveis na sua plasticidade. Há, sim, um certo eco concretista na obra, com seu volume compacto, suas formas simétricas e econômicas. As linhas concisas e sem interrupções imprimem à figura de Ceschiatti uma seriedade art déco. Cuida-se de uma Justiça austera e solene, cujos ângulos bem marcados, a postura ereta e o pesado panejamento dão-lhe um ar hierático e formal.
Foram ácidas e muitas as críticas ideológicas à Iustitia de Ceschiatti. Não por acaso, a estátua serve com freqüência de cenário midiático para os protestos que clamam por justiça em Brasília. Mas como pode uma Justiça sentada? Só pode estar preguiçosa e acomodada, apesar do tanto ainda por fazer! E por que não brande uma espada? Fraqueza! Impotência! E a balança onde está? Quem já viu uma Justiça sem balança?! De onde ela retira a medida justa e ponderada para dar a cada um o que é seu? Espada sem balança é arbítrio e violência desmedidos! Só um Estado totalitário abrigaria uma Justiça assim construída! Isso é coisa de comunista
Tanto quanto os grandes mestres renascentistas italianos, Alfredo Ceschiatti também gostava que sua arte fosse pública e monumental.  Em uma entrevista ao jornal O Globo, em 1975, Ceschiatti é incisivo: “Não sou escultor de bibelô”. Ainda segundo Flamínio Fantini, aquela Justiça foi esculpida num bloco único de granito de três por cinco metros, tão pesado que chegou a quebrar um caminhão.
Em Ceschiatti, a justiça já foi feita; tudo já foi medido e pesado, e a cada um já foi dado o que é seu. Suum cuique tribuere e desaparecem os pratos da balança. A espada, porém, permanece – tranqüila – nas mãos de Têmis. Fica ali porque, nas mãos do homem, em poder de uma das partes, poderia virar vingança privada. É mais seguro, portanto, que esse poder reste – ainda que dormente – nas mãos do Estado-Tribunal. A obra de Ceschiatti repousa na entrada da mais alta e mais importante Corte Judicial brasileira e esse locusnão pode ser ignorado. Ali instalado, na Praça dos Três Poderes, o pesado granito de Ceschiatti fala por si(lêncio): naquele Palácio a Justiça foi feita! Fez-se justiça na Corte projetada por Niemeyer, a cada novo julgamento.
Não se pode compreender a Justiça de Ceschiatti sem perceber o edifício do Supremo Tribunal, logo ali atrás, ou, tampouco, entender a plenitude da arquiterura do edifício do Supremo Tribunal sem notar sua composição com a Justiça de Ceschiatti. Um e outro se completam numa identidade escultural-arquitetônica. Essa harmônica simbiose entre a obra do escultor e a obra do arquiteto está na base da estética total do artista mineiro, cujo grande objetivo era, como ele dizia, “o mesmo do Renascimento: o da integração de todas as artes na unidade de um só prédio”.
Fonte: (trechos) Marcilio Toscano F Filho , Revista Consultor Jurídico

Obras de Alfredo Ceschiatti, voce encontra na TOPPO ARTES.

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