Wega Nery comenta o seu processo de busca artística nas suas fases pictóricas ao crítico de artes Sergio Milliet , acerca de sua exposição no MAM-RJ em 1965.
“Essa energia que me faz vencer obstáculos e prosseguir pelos caminhos da arte deriva de uma tendência vital da minha infância. Trouxe a essa exposição, trabalhos representativos que mostrarão a trajetória percorrida e talvez possam explicar o porquê de minha pintura atual. Fui sempre uma intuitiva.(…)
Nas paisagens intimistas o que terão o valor do momento vivido, captando uma luz, um trecho de rua ou um barco em descanso, a mesma linha indolente flui em todo quadro realizado. As contradições do drama interior levaram-me a novas experiências e à maior libertação. Construir, estruturar, seria meu objetivo. É o instante do abstracionismo geométrico. Excessos de certeza levariam-me ao oposto, novas inquietações. Por temperamento impunha-me deslocar limitações. Mais espaços, outra amplidão, queria as contradições. Prosseguiria.
Numa tomada de consciência determinei entre as contradições, dentro de mim buscar a liberdade: 1956 Nascem os desenhos livres, que muitos não viram porque imbuídos de ídeias pré-concebidas, desenhos delineados sem ponto de referência, a mão deslizando sobre a folha de papel em branco, ritmos acordes , que murmuravam Beethoven ou soluçavam Noel Rosa, Ritmo, Sinfonia e Carnaval, nascidos em noite de vigília, numa tensão e afastamento, marcaram o momento de paz.
Continuei, acreditando na vida e acreditando na arte. Ao ultrapassar a simplificação do desenho, outra necessidade me dominou: a cor. Retorno a pintura seguindo o desenho. Trabalho meses num só quadro, plasticidade sem o limite da linha. Experiências de matéria em meios tons e cinzas ; também utilizei areia, terra, serragem ; poucos quadros me sobraram dessas procuras. Volto a recorrer ao meios da pintura de todos os tempos. Pelo desacordo entre instinto selvagem – subconsciente marcado pela paisagem arcaica dos pantanais de Mato Grosso, árvores em flor, aves , animais – e atrações de universalismo, tento reconstruir pontes e naus, cidades e sonhos. São Paulo, 1962, a visão nova , “Cidade do Sonho”, “Antigas Arcadas”, “Brancos na Pauta”, noturnos dessa retomada. Volto a beira mar “Naus Partem” , a “Cidade dos Lagos”, a poesia de Fernando Pessoa ilumina uma solidão em São Vicente. Levando cidades e evoco mundos vividos: através de tudo ,a espiritualidade permanece.Ceio no homem, tenho a esperança, meus quadros aí estão” (Por: Priscila Rosin, tese Mackenzie)
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