Um Milton Dacosta camaleônico

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Milton Dacosta não era adepto dos rótulos, tendo um percurso livre em sua passagem da figuração para a abstração, enquanto os colegas artistas disputavam a importância dos estilos
Talvez essa disposição em se movimentar tenha sido o que fez de Milton um dos maiores pintores brasileiros do século XX. Para Paulo Pasta, artista muito apreciador da obra de Dacosta, isso tem nome: “Não tem precipitação na pintura dele, tem deslocamento. Eu acho que melhor do que abstração seria chamar o que ele faz de síntese”. Paulo não chegou a conhecer Milton, mas teve muito contato com sua obra e com amigos do pintor fluminense: “Acho que esse caminho que ele faz para a abstração ele vai palmilhando isso passo a passo. Você percebe esse caminho dele. E como ele vai depurando as figuras. Eu acho isso muito bonito e uma resposta ética do Milton”, comenta. (..) Mas, ao invés de De Chirico – como muitos apontam -, Paulo Pasta , percebe uma influência  principalmente de Carlo Carrá e completa: “Eu acho que essa escolha dele por uma influência metafisica responderia também a sua vocação um pouco intimista e comedida. Acho que é de acordo de todos que ele faz um construtivismo sensível, muito brasileiro naquilo que ele tem de pudor e  discrição”.
Casado com a pintora Maria Leontina desde o final dos anos 40, trabalhou muito ao lado dela. Alguns boatos espalham que Milton teria se apropriado de características da obra da esposa no que produziu na década seguinte. É nessa década, inclusive, que ele participa da Bienal de Veneza e ganha o prêmio de melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo. Filho do relacionamento, o multiartista Alexandre Dacosta conta que algumas pessoas chegam a confundir o trabalho dos dois, mas discorda: “Eu acho que não dá pra confundir porque a pintura dela era uma coisa mais fluida, na dele era uma pintura mais assentada no chão, digamos assim”. (…)
Também dedicado à pintura, além de outras modalidades artísticas, o filho afirma que já tentou negar a influên- cia de Milton naquilo que produz. Mas não conseguiu, quando viu já estava fazendo um trabalho ligado ao construtivo, tanto com traços do pai quanto da mãe. “A fase que estou fazendo agora chama-se desconstrutiva”, conta. Paulo Pasta também acredita que foi influenciado de alguma forma por Dacosta. O equilíbrio da luz entre cores compostas, apesar de usarem paletas diferentes, é para ele um ensinamento que aprendeu observando o trabalho do pintor que, para ele, “abandonou o realismo, mas nunca abandona o real”. A exposição na Almeida e Dale pode ser visitada até 24 de novembro. (trechos de Jamyle Rkain / ArteBrasileiros)

Obras de Artes de Milton Dacosta, Maria Leontina, Antônio Parreiras, e mais, voce encontra na TOPPO ARTES. 

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