A arte têxtil prevê a utilização de fibras e tecidos em sua construção, sendo um suporte artístico pouco estudado pela história da arte, mas que tem obtido certa visibilidade e abrangência na arte contemporânea. Para compreendermos o termo arte têxtil, é preciso compreender o movimento de renovação da tapeçaria que ocorreu no século XX, processo que se deve em grande medida ao artista francês Jean Lurçat (1892 – 1966). A tapeçaria encontrava-se, desde o século XIX, bastante ligada ao fazer pictórico, “chegando ao extremo de ser emoldurada e até colocada atrás de um vidro” (CÁURIO, 1985, p. 97), havendo pouca inovação em sua criação. Lurçat, interessado pela técnica, iniciou sua produção de tapeçarias em meados da década de 1940, o que incentivou outros artistas e estimulou uma nova experiência com a técnica, transportando cartões de artistas para a tapeçaria, renovando o suporte têxtil e desenvolvendo o conceito de nova tapeçaria.
O abandono de modelos da pintura, bem como as bordas decorativas, o uso de uma gama limitada de cores e desenhos destituídos de perspectiva eram elementos essenciais da tapeçaria que Lurçat incentivou, divulgou e realizou em suas próprias obras (CÁURIO, 1985). O artista também criou, em 1961 em Lausanne (Suíça), o Centro Internacional de Tapeçaria Antiga e Moderna (CITAM), e, em 1962, no mesmo país, a Bienal Internacional de Tapeçaria de Lausanne, que durou 33 anos. A mostra tornou-se uma referência para o estudo da arte têxtil, pois, a partir das obras expostas em cada edição foi possível perceber questões e experimentações que motivam os artistas têxteis.
A primeira edição da Bienal de Lausanne confirmou a característica mural da tapeçaria, com muitas obras tecidas em grandes manufaturas nacionais francesas (Gobelins e Beauvais) e ateliês belgas (Chaudoir, Braquenié e Mechelen), por exemplo (COTTON; JUNET, 2017). Porém, as criações mais comentadas foram os trabalhos de artistas poloneses (Magdalena Abakanowicz, Jolanta Owidzka, Mojciech Sadley, Anna Sledziewska e Ada Kierzkowska) que teciam suas peças no ateliê experimental da União de Artistas Poloneses, na Escola de Belas Artes de Varsóvia (COTTON; JUNET, 2017). Esses artistas possuíam um interesse maior pelas propriedades dos materiais e nos efeitos da trama, diferenciando seus trabalhos e realizando experimentações cujos resultados levaram a tapeçaria a “dar um salto ao espaço”, conquistando a tridimensionalidade (COTTON; JUNET, 2017).
Na quarta Bienal de Lausanne, Magdalena Abakanowicz (1930 – 2017) expôs Red Abakan (1969, Figura 2), feito de sisal vermelho, suspenso no ar. Seu trabalho chocou por não pertencer a nenhuma classificação: “Era uma tapeçaria? Uma escultura? Um objeto têxtil?” (COTTON; JUNET, 2017, p. 57, tradução nossa). A artista não estava sozinha na experimentação:
Jagoda Buic também apresentou obras contestadoras da tradição muralista da tapeçaria, renovando seu significado, mostrando peças em grandes dimensões, com estudos de volume, texturas e materiais (ZIELINSKY, 1982).
Outros artistas teriam seus trabalhos têxteis reconhecidos internacionalmente, sendo o caso de Jagoda Buic (1930), Sheila Hicks (1934), Möik Schiele (1938 – 1993), entre outros. No Brasil, temos Genaro de Carvalho (1926 – 1971), Jacques Douchez (1921 – 2012) e Norberto Nicola (1931 – 2007), Yeddo Titze (1935 – 2016), Zoravia Bettiol (1935), Liciê Hunsche (1924 – 2017), Bia Vasconcellos (1946), Carla Obino (1913 – 2005), Berenice Gorini (1941), Joana de Azevedo Moura (1941) e Sonia Moeller (1942).
Fonte ; Carolina Grippa, Arte Contexto
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