Antonio Gomide, na visão dos críticos de arte e o depoimento d Arthur Luiz Piza

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Antonio Gomide destaca-se pela versatilidade técnica, realizando pinturas a óleo, aquarelas, desenhos, afrescos, cartões para vitrais e vários projetos decorativos, nos quais as linhas sinuosas e as formas abstratas são aliadas a motivos indígenas ou a composições com paisagens. Antonio Gomide na área das artes decorativas, com Regina Graz  e John Graz, é considerado um dos introdutores do estilo art deco no país.
” (…) fases, que podem ser divididas, genericamente, em três, dadas as características evidenciais: a fase européia ou, mais precisamente, parisiense, na qual não se pode fugir a três ‘influências’ marcantes: o cubismo, a renascença e o art déco; a fase de adaptação ao ‘nacional’ e a fase dos sambas e macumbas. (…) definir estilisticamente a obra de Antonio Gomide é uma incumbência nada fácil, já que o artista, grande pesquisador, imediatamente dominada a nova técnica, volta-se para uma nova pesquisa e, não raro, chega a produzir quase que ao mesmo tempo obras de características diferentes: vejam-se as obras da fase parisiense e da década de 30, embora cada uma delas tenha uma característica e um individualismo marcante. (…) Quanto ao aprendizado do material, o conhecer ‘perfeitamente os processos, as exigências, os segredos do material que vai mover’, Gomide pode ser considerado como um dos mais experimentais artistas brasileiros. Praticamente não houve ‘meio’ em que não se expressasse: desenho (a lápis, carvão, sanguina), aquarela, gravura, pintura, afresco, baixo-relevo, relevo a jato de areia, projeto e execução de vitrais, cerâmica (azulejos), escultura”. – Elvira Vernaschi,  Comentário crítico e catalogação de Antônio Gomide (1895-1967). São Paulo: ECA/USP, 1980.
“À inspiração cubista das obras de Gomide na década de 20 e inícios dos anos 30 se apõem as fases posteriores, caracterizadas pela abordagem mais espontânea de um repertório diversificado, porém dominado pela figura humana. Pintor atraído de início pelas soluções formalistas, quando se aplica numa temática alternadamente sacra e profana, tende mais tarde a dar vazão à sua mentalidade profundamente popular, expressa igualmente no modus vivendi. Se podemos registrar uma certa dispersão e inconstância nos objetivos de Gomide, forçoso é reconhecer as virtudes que dominam sua obra, do ponto de vista estilístico e psicológico, que a investem de um clima peculiar inconfundível e que na sua hora souberam trazer uma contribuição vital ao nosso desenvolvimento artístico” – Walter Zanini,  Artes plásticas Brasil 1985: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984.
“Ao lado do Automático dos anos 45 havia uma porta pequena, um corredor apertado e no fundo um minúsculo elevador onde um ascensorista com pé disforme e mal-humorado nos levava ao quarto andar – ao ateliê estreito e comprido com uma grande janela nos fundos que dava para o Anhangabaú: cavaletes, cheiro de tinta, aguarrás e de álcool para fixar fusains das naturezas-mortas e dos croquis de Zuma, o modelo. No ateliê estava Gomide: alto, atlético, um não sei o que de oficial prussiano tímido e muito brasileiro. Aí começaram minhas aulas de desenho dadas por ele com grande simplicidade, sem impor maneiras nem truques. Detestava os habilidosos e tinha uma paciência de anjo com os menos hábeis que sofriam para dizer alguma coisa. Dava tudo o que sabia: tinha uma formação sólida e lúcida, incitava os alunos a pesquisar, contudo com ele próprio tinha excesso de escrúpulo e grande humildade. Havia nele o bom senso de encorajar a ‘ousadia’ dos jovens mesmo quando não concordava com a tendência. Para mim Gomide foi a base de tudo e até hoje, nos momentos difíceis, é a sua lição que me vem à memória: a geometria do espaço, digerido, a solução do espaço. Resolver o espaço na tela como o do interior de cada um e estabelecendo-se o equilíbrio entre ambos é que a obra de arte existe. Quando Gomide percebia essa espécie de contato entre os dois espaços, ele saía de perto como alguém que dá manivela em motor para fazê-lo funcionar”. Arthur Luiz Piza,  Antônio Gomide. São Paulo: MAC/USP, 1968.

Obras de  Antonio Gomide , voce encontra na TOPPO ARTES.

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