Modesto Brocos ; A Redenção de Cam

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Na obra, vê-se três gerações da mesma família, separadas por diferentes gradações de cor de pele. A avó, negra, ergue as mãos aos céus, num gesto de agradecimento pelo nascimento do neto branco, filho de mãe parda. Em um gestual dramático que remete ao romantismo de Eugène Delacroix e Théodore Géricault, os quatro personagens da pintura encarnam o projeto de embranquecimento da população brasileira que encontrou eco nas políticas de imigração europeias, sobretudo de italianos, alemães e espanhóis na virada dos séculos XIX e XX.
Seu título faz referência à passagem bíblica da maldição de Canaã, usada por escravagistas para justificar a exploração de mão de obra dos povos africanos. No Gênesis, Cam, filho de Noé, vê o pai embriagado e nu, mas, em vez de cobri-lo, vai contar aos irmãos, Sem e Jafé. No relato bíblico, o patriarca, ao recobrar a consciência, amaldiçoa Canaã, filho de Cam, a quem se refere como “servo dos servos”. A redenção de Cam descrita no título da obra viria, portanto, com o embranquecimento das gerações, celebrado como salvação pela figura que representa a matriarca.
— “A redenção de Cam” foi pintado em um período em que essas teorias tinham muita força, num momento em que o país precisava apresentar soluções para o contingente de escravos recém-libertos.

Fonte . Nelson Gobbi , O Globo

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