Espaços urbanos e o pensamento artístico

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Á luz do que apresenta Argan, considera-se que o artista é um sujeito influenciado pelo contexto histórico vigente, por mais que essa influência não seja percebida concretamente na materialidade dos trabalhos produzidos, a cidade sempre foi fonte motivadora e produtora de pensamento artístico.  
Argan, coloca que arte e cidade construíram uma relação de coexistência e troca, ambas evoluem por invenções sucessivas, na qual a cidade é modelo para a arte, no sentido de ponto de motivação ou assunto. Assim a cidade contém arte e é também formada por ela. “A cidade real reflete as dificuldades do fazer a arte e as circunstâncias contraditórias do mundo em que se faz”
O espaço urbano é abordado e compreendido aqui  como resultado de uma sociedade que promove ou se baseia em práticas e relações sociais guiadas pelo poder do capital (Alvarez). Nesse sentido, a cidade contemporânea pode ser considerada como um espaço de segregação, separação de classes sociais e funções, um lugar de geração de conflitos poliíticos, desafiando a natureza pela predominância do urbano sobre o campo, tornando-se espaço de luta predominantemente territorial com sua existência política inerente à sua existência material (…)
 O caminhar como procedimento poético. Em relação à atitude de caminhar, considero que esse é um gesto que se inicia com o primeiro passo, é a forma de o corpo percorrer um caminho, vivenciar e reconhecer uma espacialidade da cidade habitada. Em uma primeira instância, considero o caminhar para o artista como uma atitude política, no sentido de ser uma entrega ou um encontro entre corpos e a cidade que se habita, experiência essencialmente pública, onde o corpo em movimento pode criar seus trajetos, seguir diferentes percursos, romper com a ordem preestabelecida,perder e marcar sua presença em lugares pouco praticados pela maioria das pessoas.  
A caminhada desafia as regras dadas pelo espaço, alterando tanto subjetiva quanto materialmente o espaço urbano. Assim o artista transforma o caminhar em um procedimento poético …
Quando o corpo se conecta à cidade, vive uma relação de extensão, na qual se torna agente diretamente influenciador ao mesmo tempo em que o espaço passa a fazer parte desse corpo. Sendo o caminhar uma forma de manter relação com o território, essa ação também pode ser considerada como uma forma de interpretar as paisagens urbanas por meio da arte. Nesse sentido, locomover-se corporalmente por um percurso pode ser uma operação artística que inscreve uma espacialidade, uma maneira de narrativa, uma forma de relatar uma experiência estética espacial vivida.
Ao caminhar, o artista se torna íntimo das ruas, percebe os espaços preenchidos e as lacunas, faz-se interessante para ele ocupar os espaços de interstícios, criando movimento onde não existe, onde são ignoradas muitas vezes as possibilidades das práticas de uma vivência criativa. Esse procedimento, assim como outros, relaciona-se com as diferentes formas dos artistas agirem no meio urbano ou natural da cidade, por meio de seu corpo em movimento, envolvem um raciocínio onde se consideram operações poéticas que transcendem o espaço convencional da galeria de arte, uma fuga do Cubo Branco. (por :Renato Barros Almeida /II Seminário Geap/Unicamp)

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