A história do único quadro de Rafael no Brasil

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Feita em óleo sobre madeira, a “Ressurreição de Cristo” é datada de 1499-1502 e faz parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp) desde 1958, mas enfrentou um caminho tortuoso até ser reconhecida – e não de forma unânime – como criação de um dos grandes ícones do Renascimento.

Segundo um artigo da historiadora da arte Juliana Barone publicado em 1994, o debate sobre a autoria da “Ressurreição Kinnaird” ganhou “nova cor” em 1927, quando Regteren Van Altena, em uma comunicação privada ao alemão Oskar Fischel, relacionou o quadro a dois desenhos assinados por Rafael e mantidos no Museu Ashmolean, em Oxford, Reino Unido.

Até então, os esboços eram considerados trabalhos preparatórios para a “Ressurreição de Cristo” pintada por Perugino para a igreja de San Francesco al Prato, em Perugia, e hoje exposta nos Museus Vaticanos. Mas a comunicação de Van Altena abriu uma nova hipótese para a origem da “Ressurreição Kinnaird”.

Os desenhos do Ashmolean retratam quatro figuras, duas delas praticamente idênticas a soldados que assistem ao ressurgimento de Cristo na peça atribuída a Rafael. A partir daí, o debate se dividiu entre os que viam nos esboços uma preparação para a “Ressurreição Kinnaird” e os que também os relacionavam à “Ressurreição” de Perugino – para estes, ambas as pinturas teriam saído do ateliê do mestre de Rafael.

Em 1954, no entanto, o historiador e colecionador italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999), um dos fundadores do Masp, comprou a “Ressurreição Kinnaird” em um leilão e bancou sua atribuição a Rafael. O quadro seria integrado ao acervo do museu quatro anos depois.

A partir de 1954, a maioria dos historiadores seguiu Bardi, com diferentes graus de convicção, embora a atribuição a Rafael nunca tenha se tornado unânime. No entanto, apesar da falta de consenso, a “Ressurreição de Cristo”, um dos trabalhos mais emblemáticos do Masp, é reconhecida majoritariamente como parte da fase formativa do pintor renascentista, que testou nela uma série de inovações perspectivas, como a tampa que gira sobre o sarcófago e a narrativa desenvolvida nos planos da obra. (por Lucas Rizzi- Terra)

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