“O Mocotó é muito mais acontecido do que planejado”, confessa Rodrigo Oliveira, o chef que transformou o antigo Seu Zé, bar da Vila Medeiros fundado por seu pai, em um destino gastronômico reconhecido internacionalmente: “Quando a gente começou, a cozinha sertaneja era associada a uma comida pesada, pobre, grosseira, e conseguimos reconhecimento nacional e internacional. Nosso grande feito é tornar a ‘linguagem’ que é a comida brasileira e sertaneja uma língua universal. (…)
O caçula dos restaurantes de Oliveira terá uma filial em Los Angeles. Em parceria com o restaurateur Bill Chait, o Balaio californiano vai funcionar dentro do hotel Thompson Hollywood, que será inaugurado em 2020. “Vamos levar para fora uma cozinha livre, não estereotipada, não estigmatizada. Teremos clássicos, mas eles vão dialogar com a Califórnia, que também tem produtos incríveis. A ideia é a apresentação de um Brasil moderno, pulsante, leve, fresco e autoral.” O rooftop do local também terá sua assinatura.
O “chefpreneur”, Olivier da Costa, português, cozinheiro-empresário, comanda 13 estabelecimentos (sete deles inaugurados em 2019) que devem render neste ano € 24 milhões.
A maior parte dos restaurantes fica em Lisboa, onde o empreendedor nasceu e começou um negócio de restauração – mas um dos seus maiores sucessos é, na verdade, brasileiro. O conceito do Seen São Paulo, no hotel Tivoli Mofarrej, foi tão bem que Costa abriu uma casa da marca na capital portuguesa, no fim do ano passado, e outra em Bangcoc, em 2019. (…)
O chef Raphael Rego, “cozinhei tanto com técnicas francesas que comecei a perder parte das minhas origens. Em 2014 me demiti e comecei a primeira versão do OKA. Eu queria escrever minha própria história”, discorre Raphael. Ali o chef lançou uma cozinha própria, franco-brasileira, em um pequeno espaço em Montmartre. “Comecei a prestar atenção no fato de que a única cozinha brasileira que se via fora do Brasil eram os clichês: a picanha, a moqueca… E isso saía totalmente da imagem do que a cozinha brasileira realmente é”, defende o chef.
Não foi tarefa fácil convencer os franceses de que a cozinha brasileira poderia ser executada nos moldes franceses: foram quatro meses de restaurante vazio. A virada veio com uma visita do crítico gastronômico Gilles Pudlowski, que publicou uma resenha positiva e crucial para o início da ebulição do restaurante. A primeira estrela Michelin chegou em 2019, já no OKA 2.0, localizado na Rue Berthollet, após um tempo de permanência do chef no Brasil. Remodelado, passou a incorporar ingredientes variados, como a mandioca (frequente em sua cozinha) e o feijão. “A cozinha brasileira pode ser conhecida como uma haute gastronomie?”, ele pergunta. E ele mesmo responde: “Sim, pode”. (por: Forbes)
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