Durante a década de 1950, podemos atestar um volumoso e constante crescimento do muralismo em São Paulo, atrelado a um projeto arquitetônico específico e atento a certas questões
importantes da época, como a reflexão acerca da identidade paulista, suscitada pelas comemorações do IV Centenário da cidade, em 1954
No dia 25 de maio de 1952, um domingo, o jornal Folha da Manhã publicou uma pequena nota, com uma foto de Clóvis Graciano e seus filhos, em seu ateliê. “Clóvis, pintor da memória”.
Todo o texto parece construir a imagem de um artista formado graças à sua luta
pessoal, em um trajeto que não o poupou de trabalhos muito distantes de seu objetivo final, mas que o dotaram de certa consciência da vida e da realidade em São Paulo. Esta consciência
é ainda corroborada pela sua faceta politizada, expressa na sua participação na Revolução, em 1932.
Tal narrativa buscava aproximar o pintor da identidade eda memória paulista, colocando-o como um legítimo porta-voz desta história, por meio de suas obras em geral, e em especial, de
seus painéis. Bandeirantes ; onde  o  verso da parede que abriga o painel de Graciano expõe no
exterior o painel de pastilhas vítricas A imprensa, de Emiliano Di Cavalcanti
Os dois artistas encontram um ponto de contato sutil, externo às obras, mas que as fazem correlatas: existe uma linha que liga os bandeirantes, espécie de ancestralidade da alma pioneira
e trabalhadora do homem paulista, com o universo do trabalhoque Di Cavalcanti retrata.
Deste modo, podemos observar a inserção do painel de Graciano na equação moderna da síntese das artes, na aliança entre a atualização arquitetônica e a reflexão sobre o passado
paulista. O tema escolhido por Graciano dialoga com os debates sobre a identidade paulista em torno da qual giravam as comemorações do IV Centenário de São Paulo.
Contemporâneo ao painel de Clóvis Graciano e aliando, da mesma forma, o tema bandeirantes ao programa moderno do IV Centenário de São Paulo, em 1951 é encomendado a Portinari um
painel para o Hotel Comodoro. Localizado na Avenida Duque de Caxias, o hotel foi construído com a finalidade de abrigar o grande fluxo de pessoas na cidade, em 1950 . A Galeria Califórnia é um prédio comercial, projetado em 1951 e entregue em 1953 para sua inauguração, já com o painel abstrato de Portinari na entrada do Cine Barão e muito próximo à Galeria Califórnia,
e por sua vez, ao próprio painel de Portinari, podemos apontar a obra do italiano Bramante Buffoni, na Galeria Nova Barão, a poucos metros do edifício de Niemeyer, ainda na Rua Barão de
Itapetininga. As informações sobre este projeto, supostamente da arquiteta Maria Bardelli, ou Barelli,25 para uma galeria a poucos metros do Teatro Municipal, ainda guardam muitas lacunas.
É certo que a dobradinha mais famosa entre Portinari e Niemeyer suscitou um volume maior de estudos, deixando a obra de Buffoni ainda pouco conhecida no Brasil, – embora a obra de Buffoni  tenha quase uma década de distância do painel Abstrato de Portinari, o diálogo se estabelece nas espessas linhas pretas e nos blocos cromáticos, escolhas de ambos os artistas.

Fonte ;  ( trechos ;Muralismo em São Paulo na década de 1950 ) por Patricia Freitas Revista 22 / Universidade Estadual de São Paulo

Obras de  CLOVIS GRACIANO E DI CAVALCANTI na TOPPO ARTES . 

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